Ao Curandeiro de Feridas Invisíveis

O que prometi a mim mesma em vão
O que jurei a injúria talvez vã
Mas como lhe negar um só pensamento
E como não lhe mostrar meus versos
Resistir aos seus beijos salgados da maresia
Enroscar-me em seus longos cabelos de menino
Esse menino que esconde o homem que me cativou
Ficar longe dos seus abraços é um suspense
E aqui no meio-termo encontro-me suspensa
Entre o sussurro que precede o fim de um segredo
E o grito que inaugura o início de uma vida
Queria poder velar seu sono em silêncio
Queria poder velejar em seus sonhos cantando
Todos os tons que pulsam em minha mente
E todos os timbres que atravessam meu coração
Você se engana em querer que eu o ensine
Mas é você quem está a me ensinar
Que eu ainda posso sonhar sem contrição
Me ensina a desaprender as lágrimas
E desprender minha fé nas flores
Na chuva, na madrugada, nas pessoas
Você que juntou meus pedaços e os seus
"tudo numa coisa só..."
Que prometo a mim mesma então
E jurarei com minha consciência sã
Que os versos que farei serão seus
Assim como meus pensamentos, preces
E meu coração...

Bizú