Menta

Se às vezes me pego distraída
Remoendo lembranças e brisas
Na calçada da rua tão antiga
Desvio meu olhar do seu
Tímida, que me descubra os pensamentos
Sentados no alto das nuvens
De mãos dadas, indiferentes ao mundo
Caminho descalça na chuva da manhã
Descubro um novo tormento a cada esquina
Te abraço em meio às lágrimas que escapam
Mãos geladas, trêmulas, entrelaçadas
Na tentativa vã de uma prece
Sem pressa e tampouco fé
Suspiro docemente em seus lábios
O aroma da tênue ilusão
Desfazendo sua mente
Num mosaico de divagações
Juventude sem regras nem meia-palavras
Sempre a dúvida, a culpa, o orgulho
E o desejo constante de ultrapassar limites
Anseio de vozes, atitudes, gestos
Subliminarmente desapegado
Porém visivelmente contrariado
Enquanto você dirige e eu canto
E a madrugada perde seu encanto
Mas no meio da noite, um anjo
Trazendo novo fôlego para a poesia
Só queria agora recitar em seus ouvidos
E ouvir sua voz embargada de sono
Ou talvez embriagada pela vida!...

Bizú